As escolas de março de 2020 até dezembro passado, mantiveram as aulas, on line e, a partir de 2021, presencial, parcialmente. Em março de 2021, as escolas começaram a atender aos alunos, em bolhas/ grupos reduzidos, intercalando com as aulas virtuais e atividades diversificadas.
Há que se lembrar, que as escolas e as famílias que conseguiram manter a qualidade no trabalho escolar, agregaram valores e conhecimentos, neste período, mas isso, se configurou a poucos estudantes e, principalmente, para aqueles que tinham em seu poder um recurso físico favorável.
Há que salientar, que a relação que se estabelece entre o professor e o aluno presencial, pode ser profunda e intensa, pois, o vínculo, a confiança, corporeidade... afeto... olho no olho... ajudam e auxiliam de forma ímpar a aprendizagem, expressemos uma aula, um encontro, segundo Delleuze.
O intento do artista é recuperar a força de pensamento expressa na atividade docente de Deleuze, os modos como as suas aulas afetavam e ainda afetam uma variada gama de pessoas.
ART11_Vinci.indd (unisinos.br)
No modelo virtual, temos ganhos, outros... como a diversidade dos instrumentos e equipamentos tecnológicos, aplicativos, jogos on line, murais virtuais, apresentações criativas, cores, desenhos, letras e números, textos, cantigas, músicas, imagens, fotos, uma materialidade infinita que sem dúvida pode agregar ao ensino, valores e conhecimentos, cultura e singularidades.
Especialistas da área da educação, expressam um pensamento que para a educação escolar, colocar em dia o conteúdo dos componentes curriculares desenvolvidos em 2020, mais o impacto emocional dos alunos e professores, a escola levará um período de três anos consecutivos, para circular, atualizar e sistematizar. Alguns conteúdos foram priorizados e de certa forma, outros foram relevados como menos importante, não essencial ou não constaram dos planos de aulas.
Em largos passos de três anos, veremos como estarão os alunos, as escolas e os professores e as famílias, mas nada comparável às perdas pelo novo vírus entre os humanos.
Para os alunos, crianças e adolescentes que demandavam acompanhamento pedagógico, aulas de apoio e grupos de estudos, e demonstravam dificuldades de aprendizagem, há desafios a serem conquistados. A pandemia trouxe incertezas e dúvidas, e muitos deles não aprenderam, leram e escreveram menos, pois requisitavam a presença do professor... com a escola presencial, isso poderá ser amenizado e reconstruído, mas para outros ou alguns destes jovens e estudantes, que não puderam se desenvolver, na sua integridade, talvez, se veem menos fortalecidos ou ainda, sem os recursos e pré-requisitos da série.
Esse será o benefício da Psicopedagogia, pois poderão viver, um atendimento priorizado e particularizado.
A Psicopedagogia não é uma aula particular!!!
SERÁ O MOMENTO DO ATENDIMENTO PSICOPEDAGÓGICO?
Sim, será o momento oportuno para o Atendimento e Avaliação Psicopedagógico.
O trabalho será desenvolvido na Clínica Psicopedagógica, um lugar de acolhimento em que o sujeito terá a oportunidade de rever de forma reflexiva e avaliativa, quais foram seus percursos e se há fragilidades em seu pensamento do ponto de vista da aprendizagem.
Favorecerá ao sujeito revisitar de forma, que suas emoções estejam presentes e ao mesmo tempo, mobilize-o para uma nova forma de aprender e de ensinar.
SERÁ QUE MEU FILHO TEM ALGUMA DIFICULDADE OU CRIOU-SE A PARTIR DA ESCOLA VIRTUAL?
Para responder a essa pergunta, a Avaliação Psicopedagógica será uma oportunidade para investigarmos de que forma a criança e o adolescente estão operando o pensamento, descobrir e reforçar as suas potencialidades e criar estratégias para superar as fragilidades nos conteúdos não apreendidos.
E A FAMÍLIA, ANTES ERA O DISTANCIAMENTO DA ESCOLA, COM AS CRIANÇAS EM CASA E AGORA, O DISTANCIAMENTO DA FAMÍLIA, COM AS CRIANÇAS NA ESCOLA, COMO FICA?
Essa separação entre a família e a escola, é um desafio, e, com o atendimento psicopedagógico é possível darmos as condições necessárias para que os sujeitos criem segurança e tenham a vontade de estarem na escola, mesmo sem a presença dos pais.
Hoje, há presença de jovens com receio ao retorno por serem checados quanto ao conhecimento e as relações sociais, na forma presencial.
Como enfrentar novamente a sala de aula?
Para alguns estudantes, além do medo de se contaminar pelo Covid 19, há o medo de se deparar com o fazer na escola, sem consultar seu livro ou caderno, e essa insegurança pode crescer, caso não seja acolhido ou reconstruído seu vínculo com a escola e o professor, crer na sua forma de pensar, escrever, ler e compreender o conhecimento.
Os jovens vêm demonstrando o medo de fazer a avaliação, a prova presencial... chegam a perguntar de forma ansiosa será virtual ou presencial?
E A ESCOLA?
A escola está criando formas diferentes e diferenciadas de se pôr novamente, presencialmente.
Há insegurança para todos os atores, primeiramente, pelo contágio do Covid 19, por dar a aula, ora presencial ora virtual, atender aqui e ali e acolá os alunos e pais. Tem sido um desafio instigante e que a cada dia, é que se constrói o dia seguinte, mesmo com todo o planejamento dos conteúdos e das aulas.
E OS AMIGOS?
Nossa, os amigos, a saudade bate forte! Quanto sorriso, mesmo com a máscara, eles expressam felicidade, estando na escola.
Todos querem se abraçar e beijar, pegar o lanche do amigo, tocar, dar a mãos, rever de forma igualmente ao passado, mas o mesmo é impossível, os riscos permanecem, pois o vírus está entre nós.
É plausível que ir à escola, já é uma nova forma de rever os amigos e estar com eles.
A Psicopedagogia poderá agregar valores, para falar e tocar no assunto, explicar, rememorar o passado e viver o presente, reflexões, aceitações e repertório emocional para sentir essa escola que está diferente.
E A LUDICIDADE E O PODER CRIATIVO DO SUJEITO, DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE?
A ludicidade e a criatividade em momentos de pandemia, deu lugar para muitos estudantes, que foram atrás de passar o tempo, de forma que pudessem sair do mesmo, permanecendo em casa, e buscar o encontro consigo, por meio de uma arte, produzir um objeto, o seu fazer próprio.
É possível, como disse Fayga Ostrower, poder dar uma forma a algo novo.
Diante do que foi retirado dessas crianças, a escola, e a partir da ausência, criou-se o espaço para novos fazeres...
A culinária, a música, o desenho, a pintura, o jogo, a forma, o tricô, a rede, o bicho de estimação, o virar-se para ser criativo.
Para muitos, isso foi mais tranquilo e possível e para outros, ainda há que se descobrir, pois paralisaram-se ou sentiram enfraquecidos, dentro de casa, e o espaço da Psicopedagogia poderá dar uma nova forma a esse poder de criação.
O sujeito é um ser fazedor, o humano é um ser formador, na sua singularidade e o Espaço Psicopedagógico poderá trazer a criança nessa criação e à criação, pela comunicação, construção, tessitura de redes e cores, grafismo, espaço psicopedagógico, a sala de possibilidades para criar algo de novo para o novo momento.
Com isso, poderemos criar um sonho, trazer o imaginário que nos constitui pelos pensamentos, desejos, traços no ar, no olhar, quando enxergamos as cores pelos olhos e criarmos uma forma ao que vemos.
Mostrar e apresentar à criança e ao adolescente, enxergar o dia e a noite, a diferença das cores da lua e do sol, amanhecer, entardecer, e sua luminosidade, a sensação de frio e calor, o cheiro da umidade da chuva na grama verde, o reflexo das luzes, os sons, e viver os dias com seus desafios e tramas, que só o estar presente fará a noção do que é, basta estar e viver.
Ensinar a aprender a respirar.
Espaço de criação é a Psicopedagogia na relação com o outro, o Eu-Outro.
O sujeito é o ponto de foco e equilíbrio, e é na relação com o outro e o acontecimento, o encontro, nós nos ligamos entre si, entrelaçamos, e nos vinculamos a nós mesmos.
Ruth Nassiff – 18.02.2021.1